segunda-feira, 21 de junho de 2010

Confidências de uma mulher apaixonada



“Sinto-me como se tivesse vinte anos” é o que se esperaria ouvir da boca de uma mulher apaixonada que já ultrapassou os cinquenta e, para muitos, faz parte desse grupo apelidado de “meia-idade”. Mas não é isso que vou dizer porque, ainda que alguns franzam o sobrolho ou outros abanem a cabeça em desaprovação, ou até incredulidade, eu sinto-me muito melhor do que quando tinha vinte anos. Não sou daqueles que gostaria que o tempo voltasse para trás, em busca de uma juventude perdida. Pelo simples facto de que nunca cheguei a perdê-la. E, já agora, isso de meia-idade é termo que repudio pela conotação negativa que implica. Quem teria inventado tal expressão? Onde começa e onde acaba essa meia-idade? É metade de quê? De uma vida que depois dos cinquenta passa a estar em declínio, numa marcha galopante de acabamento? Tolice! Os que assim pensam é que estarão condenados a essa condição que os arrasta, impunemente, para a estagnação e perda de viço.
Foi precisamente ao atingir os cinquenta anos que iniciei uma nova fase da minha vida. Agora, passados cinco anos, sinto-me como jamais me havia sentido. Podem dizer-me que a memória prega partidas e que tendemos a esquecer muitos dos estados de espírito e das emoções do passado. É certo. Contudo, eu tenho a firme convicção de que nunca me senti tão bem como no momento presente. Lérias… conversa fiada… tretas… É claro que haverá sempre aqueles que discordem e que duvidem. E isso a mim que importa? O que sabem eles, na realidade? Hum… está apaixonada e esse estado faz com perca algumas das faculdades… Poderão dizer alguns, falando da paixão como se falassem de uma enfermidade que anula as capacidades mentais de um indivíduo. Ou então porque desconhecem totalmente essa maneira de sentir; já para não mencionar aqueles que acham tratar-se de uma fraqueza e há que fugir dela a sete pés.
Nem me dou ao trabalho de os lastimar porque neste tal “estado” em que me encontro, não há coisa alguma que me perturbe ao ponto de perder o meu tempo e energias com tais questões. Não tenho de provar seja o que for a ninguém; não tenho de ser aquilo que outros esperariam que eu fosse. Acho que devo à idade que tenho e que assumo, desassombradamente, essa prerrogativa. Valha-nos isso! Mais um ponto em favor da minha idade!
Agora quanto à paixão, ela veio iluminar os meus dias, torná-los mais intensos e vivos; realçar essa tal juventude nunca perdida; modificar a minha percepção do mundo; fortalecer o meu espírito e a minha mente; inspirar-me e motivar-me para criar arte. Sinto-me mais leve, mais corajosa, mais dinâmica, mais tolerante, mais confiante. E sinto-me feliz, com um desejo louco de tocar tudo e todos com o meu olhar e as minhas palavras. Com uma alegria que mal contenho no peito, numa fúria de gritar o que se passa dentro de mim.
Estou apaixonada não só por um homem mas também pela Vida!
(Julieta Ferreira)

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